segunda-feira, 25 de outubro de 2021

ENTREGA

 Não havia mais pudor, nem medo.

Eles podiam sentir a textura da pele, o cheiro, o calor, o contorno do corpo um do outro. No peito de ambos, o coração batia acelerado, querendo dizer algo.

Foram anos aguardando este momento e, finalmente, eles estavam ali, juntos, nus e despidos de preconceitos.

Nenhuma palavra foi dita. Os corpos falavam por si. Corpos humanos, vivos, sensíveis.

Cessaram as vozes alienígenas, cessaram as vozes de culpa e vergonha. Cessaram também a dor e a angústia de viver uma mentira.

Era possível sentir alegria e prazer. Um prazer voraz, intenso, carnal... pura entrega.


Escrito em novembro de 2008.

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