quinta-feira, 2 de setembro de 2021

INFERNO

De novo aqui

É como um sonho que se repete toda a noite

Pesadelo

 

Ouço vozes ao longe:

“Eu te amo! Eu te amo! Eu te amo!”

Mas não as sinto

Não reconheço

Palavras ao vento!

 

Estou só!

Há pessoas...

Mas estou só

 

Eu tento falar

Me fazer ouvir

Mas não há eco

 

A voz não sai

Tem algo engasgado

A voz não sai

 

Eu faço força

O grito sai

Mas não há eco

 

Eu espero

Mas o tempo é infinito

Não há ninguém agora

Só o vazio

 

Eu sinto frio

Pés e mãos congelam

Meu corpo treme e se contrai

Meu peito aperta

Não tenho ar

Eu vou morrer aqui!

“Por favor, me tira daqui!”

 

Alguém chega

E diz alguma coisa qualquer

Que não compreendo, que não aceito

 

E eu corro

Corro tão rápido

Quanto uma lebre assustada

Que se afasta quilômetros em poucos segundos

Subo e desço morros

Quero estar longe, bem longe

 

Me canso e durmo

 

Quando acordo

Estou no mesmo lugar

Eu dou voltas

Saltito

Faço giros de 360 graus

E retorno

Sempre ao mesmo lugar

 

Me sinto encurralada

Sem saída

Apertada

Sufocada

Alguém me agarra forte

Me comprime

 

“Socorro!” – eu grito

“Me solta! Me solta!”

Alguém ouve

Mas não me socorre!

 

“Se quiser sair vai ter que me matar!” – ele diz

Mas eu não posso matar

Eu vou morrer aqui

 

Matar ou morrer?

Certo e errado!

Dilema

Dilacerante

Cortante

Insuportável

Sofrimento insuportável

Pânico

Medo

Fim...

 

Vazio

Esquecimento

Cair no esquecimento

Frio

Escuridão

 

Silêncio

Tempo

Tempo

Tempo

 

E mais tempo

 

Uma fagulha se acende

E brilha na escuridão do vazio

Ouço sons

Mantras

Alguém reza por mim

 

Pela primeira vez

Meu coração se acalma

Respiro

“Inspira, exala!” – alguém diz

Eu inspiro, exalo

Me sinto segura

Tranquila

Em paz, finalmente

 

Consigo abrir os olhos

Renasci...


Em 17/09/20


Um comentário:

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